Objectivo do Blog

Sou mãe de uma menina que nasceu em 2009, o meu maior tesouro!
A minha filha apresenta comportamentos um pouco diferentes do comum para a idade, compatíveis com a Perturbação do Espectro Autista.

Este blog tem como objectivo a troca de informações com pais que estejam em situação semelhante.
Juntos encontraremos mais respostas pras nossas dúvidas e poderemos obter uma ideia melhor da evolução esperada para cada caso. Participem!

2 de maio de 2012

Perturbação da relação e da comunicação

(assinalei a vermelho os sinais que acho que a minha filha apresenta)

Perturbação da relação e da comunicação é a nomenclatura utilizada para uma desordem do espectro
do autismo que se manifesta durante a primeira infância. O diagnóstico aplica-se, sensivelmente, a partir dos 2 anos de idade e envolve, frequentemente, problemas nas seguintes áreas:
• Integração de sensações ou informação — a criança pode ser sub ou sobre reactiva à informação recebida através dos sentidos.
• Processamento de informação — a criança pode ter dificuldade na compreensão e organização da informação sensorial recebida.
• Planeamento e execução de respostas — a criança pode ter problemas em usar o seu corpo ou os seus pensamentos para responder à informação recebida.
Uma vez que pode haver sintomas comuns — sobretudo a tendência ao isolamento e a reduzida capacidade
de interacção — é importante fazer o diagnóstico diferencial entre as manifestações do espectro do autismo
e os seguintes quadros:
− perturbações ligadas a uma surdez
− estado depressivo
− carência relacional precoce e prolongada
− deficiência intelectual
Caso suspeite estar perante uma criança que apresenta muitos dos sinais citados, contacte os serviços de
Educação Especial, no sentido de ser realizada uma avaliação diagnostica e, se necessário, planeada uma
intervenção multidisciplinar.

Exemplos de comportamentos que os pais/educadores podem observar, por área/problema:
Relação e emoção:
• Tendência a evitar a interacção
• Dificuldade em prestar atenção ou estabelecer contacto visual com os outros
• Afirmações ou comportamentos repetitivos (ela fazia imenso e ainda faz algumas vezes o som hummm, hummm, hummm)
• Lacunas no brincar simbólico (“faz-de-conta”)
• Medos intensos de objectos ou eventos comuns Linguagem/comunicação
• Dificuldades em seguir instruções simples (se tiver outras coisas que a estimulem, por exemplo brinquedos, televisão ou um ambiente novo)
• Ecolália ou repetição do que foi acabado de dizer
• Ausência de linguagem
• Gritos monocórdicos sem aparente intenção comunicativa

Regulatória e sensório-motora:
• Dificuldade em lidar com mudanças no seu ambiente — exigência de imutabilidade.
• Evitamento de abraços ou toque ligeiro
• Não aponta e pode pegar na mão do adulto para lhe delegar a realização de uma acção (dos 23 aos 26 meses +/- chegava ao pé de mim e procurava a minha mão ou pedia "mão" , pegava-a, conduzia-a e apontava-a à coisa pretendida, mas só pedia "mão" quando não conseguia desenvencilhar-se sozinha)
• Objectos manipulados de forma pouco habitual:
a criança toca-os ao de leve (desde bebé que a minha filha anda com um pedaço dum cobertor peludo atrás dela, adora passar os dedos e tocar levemente o pelo do cobertor)
- cheira-os
- fá-los rolar de maneira repetitiva
fá-los cair de maneira repetitiva (se a minha filha encontrar água, procura logo coisas para por a boiar: é capaz de estar 1 hora a atirar folhas para dentro dum lago ou a meter pedras num buraco)
• Gestos estereotipados:
- mexer os dedos em frente da cara, agitar antebraços e mãos de forma repetitiva
andar em bicos dos pés (fiquei agora a saber que era considerado um gesto estereotipado, quando começou a andar, aos 10 meses, chamavam-lhe "bailarina" precisamente por andar em bicos de pés,  ainda hoje a apanho a andar assim)
• Comportamentos de “auto-estimulação”:
- rodar sobre si próprio
- abanar a cabeça
- baloiçar-se.

O diagnóstico baseia-se na presença, intensidade e frequência dos comportamentos acima citados. Contudo, embora duas crianças possam partilhar um diagnóstico comum, cada uma tem um padrão próprio
de desenvolvimento e funcionamento. A detecção destes “sinais de alerta”, nomeadamente por parte da comunidade educativa, permitiria uma intervenção mais atempada e, consequentemente, mais eficaz.
Uma intervenção nas idades mais precoces tem um enorme potencial preventivo, na medida em que as
dificuldades apresentadas pelas crianças pequenas estão muito dependentes da adequação do ambiente relacional às suas características particulares de reactividade, processamento sensorial, da linguagem e de planeamento motor.
Fonte aqui

6 comentários:

  1. Muito interessante o artigo!
    Vou dizer-te os pontos do meu pequenino para teres uma ideia:
    - tendência a evitar a interacção;
    - comportamentos repetitivos (humhum e transportar objectos)
    - lacunas no brincar simbólico
    - ausência de linguagem (fala)
    -evitamento de abraços (nota-se que não gosta de ser abraçado por outras pessoas que não a mae e o pai e não dá beijinhos, só dá a cara)
    - aos 18 meses não apontava mas agora aponta e também diz que não com o dedo.
    - faz cair os brinquedos de forma repetitiva (também tenho duvidas, gosta de ver os carros a deslizar numa descida mas não sei se os outros meninos também o fazem ou não... não sei se sai dos paramentros normais)
    - andar em bicos dos pés (começou a faze-lo aos 17 meses mas agora não faz)
    - abanar a cabeça (volta e meia abana a cabeça, mais quando corre!)
    Como vês tem alguns pontos em comum... não há 2 casos iguais!! isto é tão vasto!
    Beijinhos e tudo a correr bem!
    Catarina

    ResponderEliminar
  2. Pois é Catarina, é tão vasto!
    Eu não coloquei que a minha evita o toque e abraços porque acho que eles se referem a evitar também dos pais e isso a minha não evita, até está numa fase de gostar de miminho, coisa que antes não acontecia. Mas é parecida com o teu filho, detesta que outras pessoas lhe mexam, mesmo familiares, só aceita colo e dar a mão daquelas pessoas que goste mesmo mesmo muito. Se bem que uma vez deixou-me de queixo caído, estavamos no Hospital de S. João à espera da consulta e ela foi sem mais nem menos pro colo duma senhora que também lá estava com o filho.

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  3. Muitas dessas coisas como evitar abraços, andar em bicos de pés, rodar-se, baloiçar-se, etc, tem a ver com desordens sensoriais e imaturidade do sistema vestibular. Não podem ser vistas de forma linear como sinais de autismo. A verdade é que há quem defenda (como o Dr. Greenspan) que se trata de "Sensory Processing Disorder" e que de facto os autistas têm normalmente essa desordem mas há outros que não são autistas e têm também. Muitas vezes com a maturidade do sistema neurológico essas coisas desaparecem.

    No caso do meu, tb andou em bebé em bicos de pés, rodava em torno de si próprio, detestava o toque e isso passou tudo...

    Integração sensorial é uma área muito importante a trabalhar.

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  4. Boa noite, o meu filho tem seis anos e perturbação regulatoria do processamento sensorial. Como podemos falar sobre as vossas experiências? Como foi a entrada na escola dos vossos filhos?

    ResponderEliminar
  5. Boa noite, o meu filho tem seis anos e perturbação regulatoria do processamento sensorial. Como podemos falar sobre as vossas experiências? Como foi a entrada na escola dos vossos filhos?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Essa perturbação tem alguma ligação à regulação comportamental?

      Eliminar