Objectivo do Blog

Sou mãe de uma menina que nasceu em 2009, o meu maior tesouro!
A minha filha apresenta comportamentos um pouco diferentes do comum para a idade, compatíveis com a Perturbação do Espectro Autista.

Este blog tem como objectivo a troca de informações com pais que estejam em situação semelhante.
Juntos encontraremos mais respostas pras nossas dúvidas e poderemos obter uma ideia melhor da evolução esperada para cada caso. Participem!

31 de maio de 2012

Um dia com...


A minha piolhita!
- Bom dia princesa! Toca a acordar!
- hoje é dia de escolinha e a mãe vai trabalhar...
- a mãe vai trabalhar e vai ganhar dinheirinho pra comprar???

- ...
- pra comprar ... muita papinha!
- ui tanto sono que tu tens!

- sono... sono...
- eu sei princesa, eu também tenho sono, mas tenho que ir trabalhar... e tú tens que ir prá escolinha! Vamos lá...
Visto-lhe o robe:
- vamos fazer um xixi
sento-a no pote e tiro dois conjuntos de roupa:
- olha, que camisola queres vestir esta ou esta?
- ...
- esta é muito bonita, queres esta?
- ...
Só escolhe quando lhe apresento a camisola dos brilhantes, (adora coisas brilhantes) essa tem tantos que ao final do dia até no cabelo os tem) pergunto sempre pra ver se me começa a responder.
- então já fizeste xixi?
- ...
- deixa-me ver!
(se não fizer coloco fralda, se fizer...)
- que menina tão linda!!! Olha que xixi grande tú fizeste! Muito bem!
- olha queres que a mãe te ponha fralda ou vais de cueca prá escola?
- queca! (hoje finalmente respondeu-me iupi!!!)
- queres cueca! ai que linda! tu já és uma menina grande e as meninas grandes não andam com fralda!
- quem é a minha princesa linda???

- ...
- É a Tatiana!!! 
- olha queres leitinho?
- ...
- queres uma bolacha preta? (oreo)
- chim olacha peta

No carro a caminho da escolinha:
- olha princesa hoje está sol, gostas de sol?
- ...
- Olha um cavalo!
- ...
(vou falando com ela... mas sem respostas)
(quando passam camiões ou carrinhas)
- mãe mãe popós nanne (popó grande)

Chegamos à escola: Entra no hall e espreita prá sala pra ver que desenhos animados estão a dar... se não agradarem fica muito desiludida e não quer entrar... se agradarem entra logo e vai sentar-se frente à tv, sem olhar sequer pra quem está na sala, por vezes até calca os coleguinhas que estão sentados...
Digo "bom dia", as auxiliares cumprimentam-me e puxam por ela pra ver se ela diz "bom dia", parece quer ela sabe dizer na perfeição, mas eu nunca ouvi!

No final do dia, quando a vou buscar:
cruzo-me com a amiguinha A.
- Olha a mãe da Tatiana, anda, a Tatiana está alí (larga o pai dela e puxa-me pela mão)
- Tatiana olha a tua mãe!
Está distraída a brincar que não lhe liga, a amiguinha vai ao pé dela, tira-lhe o brinquedo e puxa-a até à porta:
- olá!!!
- mãe mãe mãe mãe
Pego-a no colo e dou-lhe muitos beijos, digo-lhe que tinha muitas saudades e ela agarra-me e dá às pernas.
- xau, até amanhã! Tatiana, diz xau à B.
- ...
- Então... diz “xau”!
- xau
- E “até amanhã”
...
- Vá lá “até amanhã”
- té nhanhã
- Linda!
Pede chão e vai logo pró pé da mochila dela.
Depois vai buscar a caneta e dá-ma pra eu assinar no livro a saída.
Ao sairmos:
- Toca toca
(quer que pegue nela ao colo para ser ela a carregar no dispositivo que abre a porta)
Saimos e vai a correr para o muro, sobe e anda lá a fazer equilibrismo!
- dá-me a mão senão cais!
sacode-me a mão... não quer que a agarre
- dá-ma a mão! olha que cais!
afasta-me as mãos e apressa o passo...
- mãe salta, salta
pra eu a ajudar a saltar no topo do muro, nessa zona já é abastante alto.
Aproxima-se uma desconhecida:
- Ai que tu cais! Queres dar-me a mão?
Ela afasta-se
- Como te chamas?
- ...
- Não tens medo de cair e fazer um doi-doi?
- ... 
- Andas aqui na escolinha?
- ...
Entretanto pego nela e meto-a no carro, senão ficava lá a andar em cima do muro e a saltar...
No carro vou falando com ela, mas o que interrompe o meu monólogo é
- mãe mãe popós nanne (quando passa um camião ou carrinha)
Ao avistar a nossa casa:
- Olha, onde está a nossa casa? 
- Tá lí casa
- E de quem é a nossa casa?
- ...
- É do pai, da mãe e da Tatiana!
- E de quem mais?
- ...
- Também é da Luna, do Koda, da Mia e da Estrela
- Têla (Estrela)
- Olha, quem é aquela?
- Bós (avó)
- E de quem é aquela casa?
- Bós
- Muito bem, é da avó e do avô! 
- e a avó tem um cão... como fáz o cão?
- au au au
- pois é... linda! ... e a avó tem gatinhas...
- có có có
- muito bem!
Entra, chega à sala e começa:
- popós popós popós popós popós...
(está na fase Faísca Mcqueen)
- não – não tem popós! Vais dar um passeio com o pai!
Com uma visita ao rio ou a oferta de uma goma, no café, lá a aliciamos a ir passear.
Custa-lhe sair, mas depois diverte-se e às vezes nem quer vir embora.
Quando chega começa de novo:
- popós popós popós popós popós...
- não, hoje não tem popós, só tem o Ruca
- não não
e vai amuar pró sofá (mete-se debaixo dos assentos) 
entretanto nova tentativa: chega ao pé de mim, dá-me um beijo nas pernas e diz:
- beijo beijo!
- popós popós popós popós popós
- não Tatiana! o popós está estragado! Só tem o Ruca!
Vai pró sofá... levanta os assentos todos, deita as almofadas pró chão e fica a brincar com qualquer coisa ou vai andar nos carrinhos dela ...
Entretando chega ao pé de mim:
- mãe uca uca!
- Queres ver o Ruca?
- chim uca
Lá coloco um episódio do Ruca e aproveito pra lhe dar a sopa.
Depois ponho-a na cadeira dela pra comer o "prato", que come sempre sozinha e muito bem.
Entretanto temos uma batalha pra ir dormir e assim termina o dia...

No dia seguinte o ritual é o mesmo, e assim ela vai respondendo cada vez a mais perguntas :)

30 de maio de 2012

Reciclar roupa nova...


Ontem comprei umas roupitas prá piolha, cheguei a casa e experimentei, como ficavam bem fui buscar a tesoura (que antes usava pra lhe cortar as unhas), para descoser as etiquetas.
Em minha casa não entram etiquetas, como eu não suporto o toque delas a arranhar a pele, sempre que compro algo, mesmo que não seja pra mim, a primeira coisa que faço é descoser as ditas cujas.

Entretanto fui pôr uma máquina de roupa a lavar.
Quando volto vejo a piolha de tesoura na mão trás trás trás...
Resultado: um burado em cada camisola, duas tesouradas boas nas costas do vestido e outra nas calças...

Ora toma pra aprenderes a não deixares tesouras ao pé da piolha!

Vá lá que dão para reciclar, nas camisolas vou coser uns botões coloridos aqui e alí...
a calça remendo o burado que felizmente fica no meio das pernas

no vestidinho já tapei as tesouradas, (usei umas flores retiradas duma camisola que deixou de servir) e cosi mais umas florzitas "pró disfarce".

Aqui está o resultado... devo confessar que até ficou mais bonito lol


28 de maio de 2012

Minhocas na cabeça...

A minha filha sempre dormiu mal de noite, a sesta até dorme bem, mas de noite é um desatino, nunca quer ir prá cama e demora imenso a adormecer.
Além disso acorda sempre de noite, felizmente que a maioria das vezes procura a chupeta e a mantinha e volta a adormecer, mas às vezes passa a noite agitada, dá muito às pernas e até choraminga.
Já me passou pela cabeça que fossem dores de crescimento... ou pesadelos...sei lá...
Este fim de semana foi terrível, mal dormi porque ela se fartou de dar cambalhotas na cama...
Agora ando com minhocas na cabeça, porque me parece que depois duma noite destas ela fica sempre mais desligada :(
Já lí relatos de crianças que vão piorando com a idade e fico cheia de medo...

O meu marido diz que provavelmente é porque dormiu mal e está mais cansada... mas fico tão preocupada!
Fartei-me de falar com ela e de lhe perguntar coisas, mas ela andou muito distante :(

As brincadeiras preferidas este fim de semana foram:
- ir à gaveta dos talheres e afins e enfiar tudo na ranhura de uma caixa vazia de super bock, depois despejar tudo no chão e começar de novo a meter lá pra dentro...

- apanhar ameixas do chão, deitá-las dentro do tanque e vê-las a ir ao fundo...

Espero que sejam apenas minhocas...


24 de maio de 2012

UAU que bom!

A piolha já sabe assoar o nariz!
Ainda não consegue fazer muita força, mas já tem a noção de como se faz.
Valeram a pena os meus "teatros" he he he

22 de maio de 2012

A Luna é MINHA!!!


O meu pai vem muitas vezes aqui a casa ver a neta, entra com a habitual e estridente saudação “BEBÉÉÉÉÉÉCAS, OLHÓÓÓ VÓÓÓÓ”!!!

E quase sempre a reação que recebe é... nenhuma!!!

Então põe-se a fazer macacadas, (por vezes irritantes tipo por-se à frente da televisão a tapar-lhe os desenhos, ou então exigir-lhe beijos “à pressão”), ou então diz-lhe que tem coisas que não tem... às vezes resmungo com ele, sei que ele a adora, mas tem cá uma falta de jeitinho!

Estes dias, como ela não lhe ligava ele pegou na nossa cadela ao colo e disse “pronto não queres vir comigo vou levar a Luna

Hó caráças... ela dá um salto do sofá e vem a correr “MINHA... MINHA.... UNA MINHA...

É o que eu digo... ela gosta mais de animais do que de pessoas...

Foi a primeira vez que a ouvi a dizer “minha”, fiquei muito contente.

...


Hoje de manhã andava à minha volta “xuta” “xuta” “xuta” “xuta” “xuta” “xuta” e eu sem saber o que ela queria... e super atrasada!

(quando ela quer alguma coisa repete a palavra, até nós lhe darmos a “coisa”)

Chego à cozinha e vejo-a a olhar pró balcão – estavam lá os boiões de fruta que eram pra levar prá escolinha “há... queres fruta!!!” e ela “chim... xuta, xuta...”.

Como achei que ela ia comer uma colher e não querer mais como de costume, disse-lhe que a fruta era pra comer na escolinha e vou a metê-la dentro da mochila, ela agarra-se a um boião “meu... meu...meu...meu”

Lá fui eu buscar uma colher e ainda bem, porque afinal comeu-o todo!”

21 de maio de 2012

A paixão por água

Tentativas para a "arrancar" de casa:

Tatiana vou a casa da avó queres vir?
- ...
Tatiana?
- ...
Vou a casa da avó queres vir?
- ...
Tatiana a mãe vai a casa da avó queres vir, anda, vamos ver as galinhas...
- ...
Tatiana estou a falar contigo! Olha o que a mãe te está a dizer...
Vou a casa da avó queres vir ou não?
- NÃO

(passados 15 minutos...)

Queres ir dar um passeio com o pai?
- ...
O pai vai dar um passeio lá fora queres ir com ele?
- ...
Queres ir ou não?
- ...
Tás a ouvir a mãe?
- ...
Queres ir ver o rio com o pai?
- SIM
Então anda calçar as galochas pra não molhares os pés
- SIM SIM "LOCHA" !!!

...e lá foi com o pai passear nas margens do rio Leça, que passa atrás da nossa casa.





Em casa procuro sempre despejar baldes e afins senão... tenho um "pito" num abrir e fechar de olhos!!!



Também adora andar descalça/sem roupa, gosta de animais, de jogos de encaixe e de transportes (carros, camiões, comboios e estradas com semáforos)...


14 de maio de 2012

"soge mãe, soge"

...voltou a acontecer...
Quem me dera saber o que vai na cabecinha dela!!!

Depois do que vos contei aqui
Aconteceu isto:
Estava fora do portão de entrada para a minha casa a tentar compor a campainha que de vez em quando atrofia, a piolha estava ao pé de mim a brincar com as chaves de fendas, de repente começa a gritar "soge, soge mãe, soge" e começa a correr pra dentro de casa...
Olho pró lado e vejo a minha mãe a vir na minha direcção... na hora deu-me um ataque de riso... a minha irmã ouve-me e pergunta "que foi, que foi? e eu só digo "foge, foge, mãe foge"...
A minha mãe ficou outra vez pra morrer...
O curioso é que às vezes estão as duas a brincar e ela não quer que ela se vá embora...

11 de maio de 2012

A consulta de pedopsiquiatria


Chegou o dia da tão esperada consulta, se na hora da ressonância eu estava ansiosa, na hora desta consulta estava de rastos, com uma carga terrível de nervos, uma crise de ansiedade e a suar em bica!
Acreditam que andamos quase 45 minutos a correr dum lado pró outro no H.S. João, com as tralhas todas atrás, porque nos mandaram para sítios errados... xiça... ninguém merece...
A consulta era às 14.00 e chegamos ao “sítio” às 14.10 quando devíamos ter chegado com 20 minutos de antecedência!
Após esperarmos 1 hora e tal lá entramos, (a educadora infelizmente não pode vir comigo porque estava de cama), entrei com a piolha no colo (agarrada ao “pelinho” e à chupeta) cumprimentei a doutora e sentei-me, mal começamos a conversar a piolha começou a torcer-se toda – queria ir pró chão, lá a deixei ir – pensei que talvez quisesse ver os brinquedos que lá tinha, mas não... foi pró pé da porta e ia tentar abri-la “não, não podes sair, anda cá pró meu colinho”, mas ela não veio, sentou-se no chão ao pé da porta e lá ficou, ainda lhe disse várias vezes pra vir pro meu colo, mas permaneceu lá sentada, aqui condenou-se logo...
Fomos conversando as duas e entretanto lí o “relatório” da educadora:
Com 28 meses e após 8 meses na creche:
-Está a tentar comunicar mais, começou a pedir algumas coisas
- Isolava-se muito, se tivessem muitos amiguinhos trocava de área, agora já aceita pequenos grupos, mas ainda contrariada.
- de início mostrava muita agressividade, está a melhorar.
- ficava muitas vezes ausente – está melhor
- continua muitas vezes a agir como se fosse surda
- faz menos o som hummm hummm
- não se interessa pelas actividades, em grupo continua a perder a atenção, no final do dia quando começam a ficar menos meninos é muito mais receptiva às brincadeiras.
- ainda tem brincadeiras muito de bebé, não tem noção que o biberão se dá ao bebé e que os tachinhos se põe no fogão, gosta de pegar em tudo ao molho e despejar num canto.
- salta muito de actividades, está na casinha, vai para a biblioteca, depois prós jogos e assim sucessivamente.
- parece-lhe que tem sensibilidade ao toque porque no início evitava beijos/abraços, o que está melhor, mas arrepia-se a pentear o cabelo.
- parece também ter sensibilidade ao som porque às vezes tapa os ouvidos

Entretanto a doutora fez-me várias perguntas, se ela comia bem, se lhe metia impressão texturas ou sabores diferentes, (aqui lembrei-me do meu sobrinho que tem fobia a certos alimentos e que só come comida “limpa”, mas não referi) perguntou se dormia bem (nunca dormiu bem, mas está a melhorar) e se gostava de brincar com água (tem paixão por água!).
Falamos de quando eu era a "mão"...
Perguntou se tinha algum familiar com doenças “da cabeça” falei na irmã da minha mãe, que tem a doença bipolar e é epiléptica.
Já me esquecia: quando a médica me perguntou se ela tinha estereotipias eu falei-lhe do som hummm hummm e disse que gestos ela não fazia e ela disse-me que isso normalmente é mais tarde, ou seja ela ainda pode vir a fazer... espero que isso não aconteça :(
Depois perguntou-me se tinha na família pessoas que se destacassem por serem reservadas, pouco conversadoras, tímidas, com dificuldades de socialização...
Estivemos a falar do meu marido (quando o conheci ele não conseguia falar comigo a olhar-me nos olhos, foi preciso muito esforço pra conseguir olhar-me e ainda hoje é esquivo com as pessoas, tem dificuldades no jogo social e em entender sarcasmos, tem interesses restritos mas é o melhor naquilo que gosta, precisamos ser o combustível para prolongarmos conversas fora das áreas de interesse dele. Dá respostas sempre muito racionais, mesmo quando estão em causa assuntos delicados. Tem dificuldade em controlar o tom de voz e por vezes come o final das palavras, às vezes passa por mal educado porque se esquece de cumprimentar, não tem jeito, nem gosta de mentiras, nem jogar a favor dele porque é uma pessoa muito honesta. Cumpre rigorosamente regras e leis e gosta de chegar sempre à hora marcada mesmo em coisas sem grande importância. É muito impaciente e quando se zanga explode na hora, passado um bocado já está tudo bem. Normalmente só se mete nas conversas quando domina o assunto e se dizem que está enganado arranja provas pra mostrar à pessoa que estava certo, quando está a trabalhar em algo que goste fica tão absorvido que nem ouve falarmos com ele (como a nossa filha)... é uma pessoa que gosta de ver todos felizes, faz-nos todas as vontades, às vezes até saindo prejudicado e é super sincero, amigo, correto e organizado. Quando o chamo atenção porque foi mais brusco com alguém, diz-me que não tem culpa dos outros serem impostores...)
A médica deu um sorriso e disse-me que se viam muitos traços de Asperger nele...
(e não cheguei a descrever os dois priminhos da minha filha... um que acho que tem imenso de ASPIE também e outro que andou na terapia da fala muito tempo e que entrou na primária ainda com graves dificuldades em comunicar, tanto que a professora chegou a aconselhar os pais a pedir uma professora de ensino especial para ele... Ao que sei o primeiro é o melhor aluno da turma e o segundo o melhor da escola toda)...
Depois disto a doutora tentou que a minha filha se interessasse pelos brinquedos que ela tinha, mas ela só olhava para a janela... até que viu um livro com o Ruca na capa “uca, uca” disse ela e quis folhear o livro, a doutora ainda lhe perguntou onde estavam e como faziam os passarinhos e o porquinho... mas ela não disse nada... mas sabe!
Perguntei se era prejudicial deixá-la ver televisão, que é o que ela mais gosta de fazer, e a doutora disse que não proibia, mas para evitar desenhos animados violentos/agressivos e fora da idade dela, que podia deixá-la ver o Ruca mas de preferência acompanhada para lhe irmos explicando cada situação, e ia dando exemplos.
Gostei muito da médica, achei-a interessada e muito meiga, a minha filha até chegou a olhar para ela quando me estava a dar exemplos de como devia falar com ela.
Acabou por dizer-me que os indicadores, no caso da minha filha, são muitíssimo positivos, principalmente pelo facto dela já dizer tantas palavras e que é fundamental ela ter terapia e apoios o mais rapidamente possível para que consiga ultrapassar as dificuldades e evoluir cada vez mais, falou-me das dificuldades em conseguir por vezes os apoios e disse que na próxima consulta, daqui a um mês já quer saber o que consegui, porque se for insuficiente tentará arranjar apoio também lá no Hospital.
Pediu um exame auditivo e também um estudo genético... disse-me mesmo que não me aconselhava a ter outro filho sem o resultado do estudo...
Esta é a informação clínica dela: 
"A menina apresenta um quatro compatível com Perturbação do Espectro Autista com marcadas dificuldades na comunicação e interação social e interesses restritos. Necessita de apoio estruturado, precoce e intensivo do Ensino Especial, associado a terapia da fala, terapia ocupacional e apoio psicológico para estimulação global. Agradecia a colaboração na orientação para as terapias e apoios, sendo importante a articulação entre os técnicos. Aguarda RM, ORL e estudo genético. É essencial o suporte afectivo, uso de imagem e temas que a motivem, evitando o isolamento e alteração brusca de rotinas."
Vamos lá ver agora o que consigo, acho que vou ter sorte porque tenho um educadora e uma médica de família excelentes!
(Se puderem falar-me mais sobre este tipo de apoios/terapias agradecia, já que estou um bocado por fora... ainda...)
já esquecia... e tenho um trabalho de casa - a médica pediu-me para pegar num caderno, dividi-lo em quatro secções e apontar lá o que estimula positivamente a Tatiana, o que a perturba, as palavras que já diz e outras coisas que ache relevantes para depois mostrar.

10 de maio de 2012

O dia da Ressonância Magnética

Finalmente chegou o dia de fazer a ressonância magnética, estava nervosíssima, até me faltava o ar...
Explicaram-me alguns procedimentos e lá entramos, a doutora também fez algumas perguntas e foi preparando a anestesia, chegada a hora disseram-me que embora fosse difícil pra mim era importante que eu estivesse presente até ela "adormecer" para ela estar mais calma... ai custou tanto!
Estava uma pessoa a segurar-lhe as pernas, outra os braços e eu e a médica na cabeça, ela debateu-se tanto, parecia estar a sufocar (por milésimos de segundo até pensei se a máscara estaria ou não a deixar entrar alguma coisa ou se podia estar fechada ou sei lá o quê...) uma das auxiliares disse que era impressionante a força que ela tinha e que parecia uma cobrinha a contorcer-se...
Até que foi apagando e depois disseram-me para sair... custou muito!!!
O exame demorou quase 1 hora e entretanto ouvia-a respirar/tossir desesperadamente (como quando tentamos respirar enquanto vomitamos) corri prá sala de recobro mas uma auxiliar disse-me que estava tudo bem e que era normal, para esperar que já me chamavam.
Entrei uns 5 minutos depois e lá estava o meu anjinho a dormir numa caminha...
Acabou por acordar relativamente bem, mas queria a todo o custo tirar o catéter da mãozinha...
Uns 20 minutitos depois bebeu uns golinhos de água, comeu um bocadito de iogurte que me deram e teve alta.
O resultado vai para a neurologista e a consulta é só em Julho.
Mãe sofre...

2 de maio de 2012

Perturbação da relação e da comunicação

(assinalei a vermelho os sinais que acho que a minha filha apresenta)

Perturbação da relação e da comunicação é a nomenclatura utilizada para uma desordem do espectro
do autismo que se manifesta durante a primeira infância. O diagnóstico aplica-se, sensivelmente, a partir dos 2 anos de idade e envolve, frequentemente, problemas nas seguintes áreas:
• Integração de sensações ou informação — a criança pode ser sub ou sobre reactiva à informação recebida através dos sentidos.
• Processamento de informação — a criança pode ter dificuldade na compreensão e organização da informação sensorial recebida.
• Planeamento e execução de respostas — a criança pode ter problemas em usar o seu corpo ou os seus pensamentos para responder à informação recebida.
Uma vez que pode haver sintomas comuns — sobretudo a tendência ao isolamento e a reduzida capacidade
de interacção — é importante fazer o diagnóstico diferencial entre as manifestações do espectro do autismo
e os seguintes quadros:
− perturbações ligadas a uma surdez
− estado depressivo
− carência relacional precoce e prolongada
− deficiência intelectual
Caso suspeite estar perante uma criança que apresenta muitos dos sinais citados, contacte os serviços de
Educação Especial, no sentido de ser realizada uma avaliação diagnostica e, se necessário, planeada uma
intervenção multidisciplinar.

Exemplos de comportamentos que os pais/educadores podem observar, por área/problema:
Relação e emoção:
• Tendência a evitar a interacção
• Dificuldade em prestar atenção ou estabelecer contacto visual com os outros
• Afirmações ou comportamentos repetitivos (ela fazia imenso e ainda faz algumas vezes o som hummm, hummm, hummm)
• Lacunas no brincar simbólico (“faz-de-conta”)
• Medos intensos de objectos ou eventos comuns Linguagem/comunicação
• Dificuldades em seguir instruções simples (se tiver outras coisas que a estimulem, por exemplo brinquedos, televisão ou um ambiente novo)
• Ecolália ou repetição do que foi acabado de dizer
• Ausência de linguagem
• Gritos monocórdicos sem aparente intenção comunicativa

Regulatória e sensório-motora:
• Dificuldade em lidar com mudanças no seu ambiente — exigência de imutabilidade.
• Evitamento de abraços ou toque ligeiro
• Não aponta e pode pegar na mão do adulto para lhe delegar a realização de uma acção (dos 23 aos 26 meses +/- chegava ao pé de mim e procurava a minha mão ou pedia "mão" , pegava-a, conduzia-a e apontava-a à coisa pretendida, mas só pedia "mão" quando não conseguia desenvencilhar-se sozinha)
• Objectos manipulados de forma pouco habitual:
a criança toca-os ao de leve (desde bebé que a minha filha anda com um pedaço dum cobertor peludo atrás dela, adora passar os dedos e tocar levemente o pelo do cobertor)
- cheira-os
- fá-los rolar de maneira repetitiva
fá-los cair de maneira repetitiva (se a minha filha encontrar água, procura logo coisas para por a boiar: é capaz de estar 1 hora a atirar folhas para dentro dum lago ou a meter pedras num buraco)
• Gestos estereotipados:
- mexer os dedos em frente da cara, agitar antebraços e mãos de forma repetitiva
andar em bicos dos pés (fiquei agora a saber que era considerado um gesto estereotipado, quando começou a andar, aos 10 meses, chamavam-lhe "bailarina" precisamente por andar em bicos de pés,  ainda hoje a apanho a andar assim)
• Comportamentos de “auto-estimulação”:
- rodar sobre si próprio
- abanar a cabeça
- baloiçar-se.

O diagnóstico baseia-se na presença, intensidade e frequência dos comportamentos acima citados. Contudo, embora duas crianças possam partilhar um diagnóstico comum, cada uma tem um padrão próprio
de desenvolvimento e funcionamento. A detecção destes “sinais de alerta”, nomeadamente por parte da comunidade educativa, permitiria uma intervenção mais atempada e, consequentemente, mais eficaz.
Uma intervenção nas idades mais precoces tem um enorme potencial preventivo, na medida em que as
dificuldades apresentadas pelas crianças pequenas estão muito dependentes da adequação do ambiente relacional às suas características particulares de reactividade, processamento sensorial, da linguagem e de planeamento motor.
Fonte aqui