Objectivo do Blog

Sou mãe de uma menina que nasceu em 2009, o meu maior tesouro!
A minha filha apresenta comportamentos um pouco diferentes do comum para a idade, compatíveis com a Perturbação do Espectro Autista.

Este blog tem como objectivo a troca de informações com pais que estejam em situação semelhante.
Juntos encontraremos mais respostas pras nossas dúvidas e poderemos obter uma ideia melhor da evolução esperada para cada caso. Participem!

28 de junho de 2012

Que felicidade!

As nossas maravilhosas conversas:
(30 meses)

- Tatiana a mãe vai apanhar a roupa, já está seca
- seca
- queres vir comigo?
- chim omigo
- ajudas-me a por a roupa na bacia
- chim chim oupa axia
- de quem é esta camisola?
- à pai
- muito bem - é do pai!
- e esta, de quem é esta camisola?
- ànna (Tatiana)
- pois é, é a tua camisola!
- e esta de quem é? é do pai?
- não meu
- pois, não é do pai, é tua! Muito bem!
- e esta camisola, sabes de quem é?
- à mãe
- é minha! Linda!
- agora vou apanhar as calças
- caças
- quais são as tuas, são estas?
- não, à pai
- são estas?
- chim etas
- muito bem, que menina tão linda!
- agora vamos apanhar as meias, tem muitas!
- muutas
- põe então na bacia - não deixes cair
- ajudaste muito a mãe - obrigada!
- igada
- gosto muito de ti e tú, gostas da mãe?
- gótas!

:-)

Delícia...Delícia...

Ouvir a minha princesa a cantar o "atirei um pau ao gato"!

Começa a música e ela vai acompanhando:

"atirei um pau ao gato (ato to to) mas o gato (ato to to) não morreu, dona xica (xica ca ca) assutou-se do berro, do berro co gato deu miau (miauuuuuuuuuuu). Asentada à chaminé (xiné) veio uma pulga (puga ga gá) mordeu-lhe o pé (), ou ela chora (choia) ou ela grita (guita) ou vai-te embora pulga maldita (puga máditaaaaa)"

:-)

26 de junho de 2012

Medo, muito medo...


Como sabem nós vivemos numa aldeia e estamos rodeados de "bichesa", a piolhita desde pequena que anda no meio dos cães, das cabras, das galinhas, dos coelhos e dos cavalos sem medo nenhum.

Estes dias passamos por um formigueiro e ela parou muito atenta a ver as formigas. "Queres por a mão" perguntei eu pensando que ia negar... nem respondeu - chapou logo a mão em cima das formigas!

Como este passaram-se já imensos episódios de ausência de medo... cheguei a desejar que uma abelha lhe picá-se para aprender a não mexer em bichos que desconhece, a sério!!!

Ora finalmente surgiu o bicho do pavor - a minha mãe apanhou um lagarto verde com bolinhas azuis muito invulgar e deixou-o dentro dum balde pra nós vermos, quando o fui mostrar ela ficou com tanto medo que até me trepou pelas pernas acima!

Já sei que pelo menos em lagartos não vai por a mão...

Terá sido por ter visto a "Idade do gelo III" e "Em busca do vale encantado"???

Fui largar o bicho longe de casa, não fosse ele andar pra lá a assombrar a cachopa.

Consulta e Avaliação de Desenvolvimento

No passado dia 19 fomos ao H.S.João para consulta com a psicóloga Dr. Maria, e também a nova consulta com a Dr. Alda Mira Coelho.

Entramos e a doutora Maria colocou-lhe à frente alguns brinquedos pra ver o que ela fazia, tinha: pratos, copos, talheres, um boneco, vários quadrados com letras e números e três bolinhas coloridas.

Ela observou uns instantes e pegou no montinho dos pratos (4) e colocou-os em fila na mesa, de seguida pegou nos quadrados e colocou um em cada prato, depois começou a por uma bolinha em cada prato, mas só tinha três bolinhas, ou seja um prato ficava sem bolinha... olhou uns instantes para os brinquedos, talvez a ver se tinha mais alguma bolinha, e pediu chão, foi tentar abrir a porta do consultório pra se ir embora. Como não conseguia abrir veio ao pé de mim e disse “mão”, disse-lhe que não, que ainda não podíamos ir, e ela “embola, embola” enquanto me puxava pela mão...

Entretanto a Dr. Maria começou a fazer bolas de sabão e ela ficou muito entusiasmada, tentava rebentá-las e soprá-las. Com alguma insistência acabou por olhar a médica nos olhos algumas vezes e até pediu “mais...bolas”. Quando a doutora parava ela dirigia-se logo para a porta.

Depois foi a vez do balão, a doutora encheu-o, contou até 3 e largou-o de seguida, ela achou tanta piada ao ver o balão fugir, depois a doutora encheu-o novamente e contou até 3 lentamente, à terceira a piolha já disse “dois, tês”, à quarta mal a doutora se preparava pra contar já ela respondia “tés”. Entretanto experimentou alguns brinquedos que não lhe despertaram interesse e também algumas texturas, deu-lhe pra mão uma bola de plasticina muito mole, ao pegar os dedos dela entraram na plastina e ela ficou com uma expressão de repúdio enorme e começou a puxar o vomito.

A doutora falou-nos da sensibilidade tátil e que podíamos criar uma brincadeira em casa que consiste em fazer caixinhas surpresa – enchemos uma caixa com arroz, ou massas, ou farinha, ou outras coisas e escondemos no meio um coisa que ela goste e ela tem que meter a mão pra tirar a coisa...


Depois fomos à consulta da Dr. Alda, a piolha ficou chateada pois pensou que já íamos pra casa, sentou-se lá no chão como da última vez, mas depois lá arrebitou um pouco, andou pra lá a mexer nos botões da ventoinha e até disse algumas palavritas.

Falamos das terapias, que já tínhamos encontrado uma clínica que gostamos e que inclusive temos ido lá duas vezes por semana, apenas prá piolha se ambientar ao espaço e às terapeutas e que terapias a sério só vai começar em Setembro.

A doutora Alda preencheu-me os impressos pra entregar na segurança social e convidou-me para assistir a uma palestra sobre PEA que vai decorrer no dia 10 de Julho lá no H.S.João (precisamente no dia da consulta de neurologia) e também me perguntou se gostaria de colaborar para um projeto de investigação na área das PEA, que visa encontrar algumas respostas relativamente a factores de prognóstico que permitam delinear melhor as estratégias de intervenção e a evolução esperada para cada caso.

E foi assim, correu melhor do que esperava!

Insensibilidade à dor

A minha piolha não tem noção do perigo, já caiu, já se queimou, já "engoliu" água, já foi ferrada, mas nem assim ganha medo.
Às vezes dá cada tombo, mas põe-se a pé como se nada fosse!
Estes dias a brincar com a nossa cadela, esfolou a mão e o pulso no cimento, pensam que chorou??? Estão enganados!!!
Agora já sei o que se passa - a minha princesita tem insensibilidade à dor!
Em conversa com a terapeuta ficamos a saber que isso também é muito típico em crianças com PEA.
Disse que os primeiros sinais estranhos são precisamente as crianças irem apanhar as vacinas e não chorarem. A minha ou não chorava ou chorava depois de ter sido picada...
Enquanto conversávamos a terapeuta  picou-lhe o bracito e puxou-lhe o cabelo e ela continuou a brincar, quase sem reagir.


15 de junho de 2012

Family Party

Pois é... fomos com a piolha ao parque de exposições de Braga onde decorreu o evento "Family Party".
O parque estava repleto de coisas pra brincar, desde carrinhos a bateria, comboios, carros de choque, lonas de salto enormes, insufláveis, pistas de escorregar, um lago artificial com barcos, etc etc etc...

Quando entramos, pensamos que ia ser um fiasco,  porque ela só tinha dormido um bocadito no carro e estava com um tau daqueles, não queria brincar em nada, nem comboio, nem carrocel, nem casinhas, nada... ainda me meti num carrinho com ela, mas tive que sair a meio do percurso, estava impossível...
Lá a deixamos "à solta" a ver se se interessava por alguma coisa... e eis que chega aos escorregas insuflados... parou e ficou a olhar...
- "queres andar neste escorrega?" perguntei
- "chim, chim" diz ela...
Azar dos azares, naqueles insufláveis só deixavam entrar crianças a partir dos 5 anos... e ela já a tentar pular a cerca pra entrar...

Analisando bem, não me pareceu que aquilo fosse perigoso, já que ela iria sempre comigo,
de repente vejo dois meninos acompanhados pelos pais e que também não tinham idade... bem... por mim a decisão estava tomada, só faltava convencer o meu "amor grande" a permitir a desobediência.
Lá combinamos que eu entrava e ele me passava depois a piolha por cima da cerca...
Foi muito, muito fixe e realmente nada perigoso, a miúda que controlava as entradas acabou por nos ver e apenas deu um sorriso, como quem diz "manhosas" mas não disse nada (a minha filha passa por uma criança de 4 anos na boa, aliás veste mesmo roupa pra 4 anos), se ela soubesse que ela só tem 2 anos e meio ficava admirada...
Essa zona dava acesso a três escorregas diferentes, em todos tínhamos que subir umas escadinhas, que era a pior parte, não pela perigosidade, o máximo que podia acontecer era escorregarmos, mas pelo cansaço, tou a ficar velha... muito velha...

Num deles vínhamos a escorregar dentro duma espécie de túnel e escorregávamos muito devagar, noutro a velocidade já era maior e já não era dentro de túnel e por último tinha um que ao descer já ganhávamos  uma velocidade "preocupante".
Adivinhem qual é que ela gostou mais?
Mais uma vez ficou provado que aquela criatura não teme nada, pelo contrário, adora adrenalina!!!
Aqui estamos nós a testar o primeiro!

O segundo:

Neste a euforia foi total, já não quis mais andar nos outros...

A entrada foi cara, mas valeu a pena!
Entramos às 15h00 e saímos perto das 19h00 porque já não podíamos mais de cansaço, eu e o meu marido atenção, porque por ela tínhamos passado lá a noite...
Pensei que talvez fosse adormecer no carro a caminho da casa da minha sogra, mas não...
Comeu como se não houvesse amanhã... lá nem queria comer pra não perder tempo, nem gelado quis...
Perto das 21h30 fomos pra casa, mais uma vez pensei que fosse adormecer no carro...
22h00... 22h30... 23h00...23h30...24h00 e ainda "pinxava" em cima de nós, tola de sono, mas com uma excitação que só visto... "isto não pode ser normal" dizia eu ao meu marido...

Não é a primeira vez que noto que ela fica neste estado quando experimenta coisas excitantes, em vez de mostrar cansaço físico, fica completamente hiperativa e não consegue desligar...

Mas foi um dia em cheio, foi espetacular!!!