Como já algumas vezes referi, a creche da minha filha (IPSS) tem educadoras excepcionais.
Mensalmente elas organizam uma atividade extra para pais e filhos a
realizar num fim de semana. Até agora as atividades foram sempre efetuadas em
conjunto (salinha de 1 ano + salinha dos 2 anos), mas este sábado, pela
primeira vez, foi uma salinha de cada vez.
Desta feita o convite era para uma aulinha de ginástica numa
academia do concelho e como sempre não faltei...
Só que desta vez saí de lá completamente de rastos... sem os
meninos da sala de 1 ano para “camuflar”, as dificuldades da minha filha saltaram
tanto à vista...
Na hora marcada lá estava eu com a piolha, descemos as
escadas e entramos na salinha, quando ela viu os coleguinhas começou aos
prantos a querer vir embora a todo o custo, 10 minutos bastaram pra eu já estar
a suar em bica, de andar com ela a espolinhar-se no meu colo e a tentar fugir sala
fora. Decidi afastar-me um pouco para a
tentar acalmar, quando me apercebi que já tinham chegado todos voltei à
salinha, não queria porque não queria ficar lá.
Ví que lá tinha daqueles tubos em tecido que dão
prás crianças passarem por dentro e sacos de bolas e comecei a tentar
distraí-la com isso, lá consegui captar a atenção dela, achou muita piada a
estar dentro do tubo, eu atirava bolas lá para dentro, ela atirava-as de volta
para fora e assim sucessivamente, acabou por se divertir...
Dos 14 meninos da salinha da minha filha, compareceram 11 e
entretanto chegou o professor, achei-o extraordinário, deviam ver a capacidade
que ele tinha de captar a atenção dos pequenotes, foi espetacular!
Conseguiu que 11 crianças de 2 anos o ouvissem e participassem muito bem em todos os exercicios que eram
propostos.
Tentei vezes sem conta que a minha filha se integrasse, se
interessasse, ouvisse, tudo em vão... um dos pais, e que (acho) é o único que sabe da suspeita de autismo, tentou várias vezes que ela
se envolve-se nas brincadeiras, mas nada...
O professor olhou pra mim algumas vezes, devia estar a
pensar “a gaja está alí ca miúda, a mexer no material, em vez de vir pró pé de
nós???”
Alguns país também deviam estar a pensar “aquela deixa a
filha fazer o que quer”...
A determinada altura ela viu os amiguinhos a saltarem numa
lona de salto e quis saltar também, fui com ela prá fila, fartei-me de lhe dizer
que tinha que esperar um bocadinho, mas ela estava tão excitada a ver os
meninos saltarem que nem me ouvia, debatia-se para eu a largar e algumas vezes deixaram-me
mesmo passar à frente tal era a cena...
Saí de lá com vontade de chorar...Apesar de tudo não tenciono deixar de participar, custe o que custar, porque acho que estas actividades promovem experiencias novas e acima de tudo o convívio, e ela precisa muito, muito de ver que o mundo não é só ela e nós...